Bankinter com resultados de 109,1 milhões de euros no primeiro semestre, com receitas sólidas apesar da conjuntura

23/07/2020
  • O resultado do Grupo reduz 64,7% devido à realização de provisões extraordinárias de 192,5 milhões de euros para fazer face a alterações no cenário macroeconómico e devido à ausência das receitas extraordinárias de 2019.

  • O crédito cresce 7% e os recursos de Clientes 10%.

  • Bankinter reforça a solvência e alcança um rácio de capital CET1 fully loaded de 11,8%, 1.400 milhões de euros acima do requisito mínimo do BCE.

  • Resultado antes de provisões do Bankinter Portugal cresce 60% relativamente ao ano anterior, alcançando 25 milhões de euros.

23/07/2020 - O Grupo Bankinter termina o primeiro semestre de 2020 mostrando, por um lado, a robustez de um modelo de negócio que regista receitas recordes, apesar das dificuldades provocadas pelo coronavírus, e, ao mesmo tempo, um nível máximo de prudência de forma a antecipar, com elevadas provisões, o impacto económico da pandemia.

O resultado antes de impostos da atividade bancária, que é apresentado separadamente do da Línea Directa Aseguradora, tal como foi definido na passada Assembleia-Geral que aprovou a distribuição do prémio de emissão e a futura separação dos dois negócios, totalizou 61,8 milhões de euros, menos 82,1% do que no primeiro semestre de 2019, em consequência das provisões realizadas para suportar a mudança no cenário macroeconómico e devido à ausência das receitas extraordinárias de 2019. Estas provisões, específicas da pandemia e que, por isso, têm um efeito pontual, totalizam no semestre 192,5 milhões de euros e foram calculadas de acordo com o cenário central do Banco de Espanha a três anos.

Sem levar em conta as referidas provisões, nem as receitas extraordinárias registadas no ano passado devido à compra do EVO, o resultado da atividade bancária é 11,6% inferior ao verificado a 30 de junho de 2019, alcançando 254,3 milhões de euros.

Por seu turno, o resultado antes de impostos da Línea Directa alcança 78,5 milhões de euros.

Assim, o resultado líquido do Grupo no final de junho de 2020 é de 109,1 milhões de euros, menos 64,7% do que no mesmo período de 2019.

Quanto aos principais rácios, o Bankinter reforça a solvência relativamente aos trimestres anteriores, alcançando um rácio de capital CET1 fully loaded de 11,8%, 1.400 milhões de euros acima do requisito mínimo do BCE. Por outro lado, a realização de provisões com um valor mais elevado, que impactam o resultado, afetam também a rentabilidade dos capitais próprios, ROE, se bem que este rácio se mantenha em posições de liderança no setor, situando-se em 7,56%.

De destacar também o facto de o Bankinter ter melhorado a sua posição em termos de qualidade de ativos, onde já era uma referência no setor, com um rácio de morosidade no final do semestre de 2,50%, o que compara com os 2,71% de há um ano ou com os 2,58% do último trimestre, e com um rácio de cobertura de 58,64% em comparação com os 51,10% de há um ano. Estes indicadores evidenciam a prudência, contenção e boa gestão de riscos num contexto tão complicado como é o atual.

No que se refere à liquidez, o gap comercial (diferença entre a carteira de crédito e os recursos de Clientes) foi de 1.000 milhões de euros, com um rácio de depósitos sobre créditos de 99%, o que revela um balanço totalmente equilibrado.

O Bankinter prevê vencimentos de emissões obrigacionistas de 800 milhões de euros para este exercício, 200 milhões para 2021 e 1.000 milhões para 2022. Para fazer face a estes compromissos, o Grupo possui ativos líquidos no valor de 16.900 milhões de euros e uma capacidade para emitir obrigações no valor de 2.600 milhões.

Crescimento em todas as rubricas da conta de resultados.

No final do primeiro semestre, as rubricas da conta de resultados crescem de forma muito significativa e refletem de forma fiel o facto da atividade comercial se manter em níveis muito elevados, com um volume de receitas recorde, apesar das dificuldades do contexto atual.

A margem de juros alcançou 612,4 milhões de euros, mais 10,1% do que na mesma data de 2019, apesar da situação persistente de baixas taxas de juros.

A margem bruta totaliza 863,2 milhões de euros, mais 7,6%, com uma receita líquida por comissões de 244 milhões, mais 5,5% do que no primeiro semestre de 2019, sobretudo devido a áreas de negócio de alto valor acrescentado, como a gestão de ativos ou a transação de valores, cuja maior atividade leva a que as receitas por comissões cresçam 35% em comparação com o mesmo valor do ano passado. As comissões representam 28% do total da margem bruta do banco.

A margem operacional antes de provisões termina o semestre em 469,7 milhões de euros, 9,8% a mais do que há um ano, após incorporar custos operacionais que cresceram 5,9% ao incluir as despesas relativas ao negócio do EVO que não constavam em 2019. Em relação ao rácio de eficiência da atividade bancária com amortizações, situa-se em 47,9%, melhorando 110 pontos-base em relação há um ano.

Dados do Balanço

Em relação ao balanço do Bankinter, o total de ativos do Grupo alcança, a 30 de junho, 92.829 milhões de euros, mais 12,2% do que no primeiro semestre de 2019.

O total de crédito a Clientes ascende a 63.613,2 milhões de euros, mais 7,4%. Sem levar em conta a contribuição do EVO Banco, o crescimento da carteira de crédito em Espanha é de 6,9%, face a um crescimento do setor de 2,3% de acordo com os dados de maio do Banco de Espanha.

Os recursos de Clientes de retalho alcançam 61.506 milhões de euros no semestre, mais 10% do que no ano anterior. O crescimento destes recursos em Espanha, sem o EVO, é de 11,5%, o que compara com o crescimento de 8,5% do setor de acordo com dados de maio.

Intensa atividade comercial com bons resultados.

Durante este semestre, o Bankinter desenvolveu uma intensa atividade de gestão e acompanhamento dos seus Clientes, dando resposta às suas necessidades financeiras, sem descurar a atração de novos Clientes. Isto foi possível graças à eficácia do CRM do banco e das suas ferramentas comerciais digitais, com um resultado muito positivo no seu negócio, apesar da incerteza do período.

No negócio de Empresas, a carteira de crédito atingiu 28.300 milhões de euros, mais 18,4% do que há um ano. Deste montante, 11.100 milhões de euros referem-se a Grandes Empresas e 7.300 milhões a Médias Empresas.

Analisando a carteira de crédito a Empresas em Espanha, o aumento face ao primeiro semestre de 2019 foi de 16,9%, o dobro da média do setor, que cresceu 8% de acordo com dados de maio do Banco de Espanha.

No negócio com Empresas, destacam-se três alavancas de receitas: Banca Internacional, com um aumento da margem bruta de 9% no ano; Banca de Investimento que, sob a marca “Bankinter Investment”, fez a sua margem bruta crescer 11%; e Negócio Transacional, que aumentou as suas receitas por comissões em 3%.
O banco foi especialmente ativo no financiamento de empresas, PMEs e profissionais independentes, com empréstimos garantidos pelo Instituto de Crédito Oficial (ICO), com 6.600 milhões de euros em garantias atribuídas, o que representa uma quota de mercado de 5,9% nas primeiras tranches e de 7,1% na última.

No que concerne ao negócio de Banca Comercial, dirigido a particulares, destaca-se o bom desempenho nos segmentos de clientes com maior património, da Banca Privada e da Banca Personal. No primeiro, os ativos sob gestão alcançam 39.000 milhões de euros, mais 2% do que a 30 de junho de 2019, apesar do efeito negativo do mercado, que fez decrescer o valor do património em 2.600 milhões. O novo património captado no primeiro semestre ascende a 1.000 milhões de euros.

Na Banca Personal, o património sob gestão cresce 3% no mesmo período, atingindo 23.700 milhões de euros, apesar do efeito do mercado, com um património líquido novo captado de 1.000 milhões de euros.

Os produtos mais destacados da Banca Comercial, como a conta ordenado e o crédito hipotecário - principais canais de entrada de clientes no banco e nos quais o Bankinter é referência - mostram uma evolução com forte resiliência às debilidades do contexto.
Assim, no fim do semestre, a carteira de contas ordenado totalizou 11.431 milhões de euros, mais 20% do que em 30 de junho de 2019.

A carteira hipotecária alcança 27.000 milhões de euros. Considerando apenas Espanha e excluindo o EVO Banco, o crescimento da carteira hipotecária neste período foi de 3,2%, face a um decréscimo do setor que, de acordo com dados de maio do Banco de Espanha, foi de 1,2%.

A nova produção hipotecária realizada durante este difícil semestre foi de 1.234 milhões de euros, menos 13% do que a nova produção do primeiro semestre de 2019, representando uma quota do mercado de novas operações de 6,2%. Destas novas hipotecas, 55% foram contratadas na modalidade taxa fixa e com um “loan to value” de 60%, para toda esta nova produção.

A atividade do Bankinter Portugal gerou no semestre um resultado antes de impostos de 17 milhões de euros, um valor 50% inferior ao do mesmo período de 2019, quer devido às maiores provisões realizadas este ano para prevenir o cenário macroeconómico, quer à libertação de provisões efetuadas no exercício passado e nos anteriores. Não obstante, o negócio recorrente teve um bom desempenho, com todas as rubricas da conta de resultados a crescerem a um bom ritmo: margem de juros, mais 12%; margem bruta, mais 11%; e o resultado antes de provisões a alcançar 25 milhões de euros, o que representa um crescimento de 60% relativamente ao mesmo período de 2019. Quanto ao balanço, é de destacar o crescimento do crédito: mais 10% nos períodos em comparação.

Enquadramento similar tem o negócio de Consumo, gerido pelo Bankinter Consumer Finance, que opera em Espanha, Portugal e Irlanda. Esta área de negócio alcança 2.800 milhões de euros de crédito, mais 8% do que no mesmo período de 2019, com uma queda na nova produção de 16%. Com todas as rubricas em crescimento, o resultado antes de provisões deste negócio aumentou 19%. Não obstante, a exigência de maiores provisões leva a uma queda no resultado antes de impostos de 44% em comparação com o mesmo período de 2019. Cabe também destacar a contenção da morosidade, com um rácio de 7,2%.

Em relação ao EVO Banco, cumpre assinalar entre os principais indicadores os seus 508.000 clientes, dos quais 36.500 captados no semestre, os 3.300 milhões de euros em depósitos, os 252 milhões de recursos fora do balanço e os 927 milhões de euros em hipotecas, dos quais 156 milhões são novas hipotecas subscritas no semestre.

Quanto à Línea Directa Aseguradora, que este ano apresenta os seus resultados de forma desagregada da atividade bancária, destaque para o resultado líquido de 59 milhões de euros, 12% superior ao de junho de 2019, com um ROE de 34% e um rácio combinado de 85,7%. O rácio de solvência II é de 238%.

Entre os seus principais indicadores, destacam-se os 3,18 milhões de riscos seguros, mais 1,5% do que há um ano, e um volume de prémios emitidos que permanece estável, apesar da complexidade do momento vivido nos últimos meses.

Toda esta boa evolução das diferentes linhas de negócio não seria possível sem a robustez dos sistemas tecnológicos que, desde sempre, colocaram o Bankinter na vanguarda do setor e demonstraram todo o seu valor durante o longo período de confinamento, permitindo implementar sem incidências um modelo híbrido de trabalho remoto e presencial. Desta forma, foi possível praticamente a toda a equipa estar em teletrabalho com total normalidade.

As capacidades digitais do banco, cuja utilização pelos clientes foi potenciada devido à conjuntura, traduziu-se num crescimento de 72% na adesão online de clientes desde 13 de março, de 68% no número de utilizadores da app do broker online relativamente ao final do ano passado ou num crescimento de 8% nas vendas digitais, que representam já 39% do total de vendas do banco.