Bankinter com resultados de 220,1 milhões de euros até setembro, com forte crescimento em todas as rubricas e linhas de negócio

22/10/2020
  • A margem de juros cresce 8% e a margem bruta 4,6%, suportada no bom desempenho ao nível de comissões. A margem de exploração antes de provisões é 6,8% superior relativamente ao mesmo período do ano anterior.

  • O banco realiza fortes provisões para prevenir o agravamento do cenário macroeconómico o que, em conjunto com a ausência de receitas extraordinárias, implica uma redução de 50,5% nos resultados.

  • O Bankinter reforça a solvência com um rácio de capital CET1 fully loaded de 12%, um valor adequado ao seu tipo de negócio e bastante acima do mínimo exigido pelo BCE, que é de 7,7%.

  • Bankinter Portugal com atividade recorrente com clientes a evoluir a bom ritmo, resultando no crescimento de todas as rubricas da conta de resultados: mais 10% na margem de juros, mais 11% na margem bruta e uma margem antes de provisões que cresce 60%. Resultado antes de impostos de 33 milhões de euros, 36% inferior aos do período homólogo do ano anterior por maior impacto de provisões.

22/10/2020. O Grupo Bankinter termina o terceiro trimestre de 2020 com uma atividade e negócio com clientes que, apesar do contexto, continua a crescer a bom ritmo em todos as linhas, com o indicador de solvência reforçado e com um rácio de morosidade controlado. Ao mesmo tempo, o Bankinter aumentou a realização de provisões de forma a prevenir o impacto económico da pandemia, em linha com a estratégia de prudência seguida em todo este período, reforçando a cobertura total de forma muito significativa.

O resultado antes de impostos da atividade bancária, que é apresentado separadamente da Línea Directa Aseguradora, ascende a 153,3 milhões de euros, menos 68,5% do que a 30 de setembro de 2019, devido à ausência das receitas extraordinárias de 2019 e, sobretudo, à realização de provisões para suportar o impacto da crise que, neste trimestre, aumentaram 51 milhões de euros devido ao agravamento do contexto macro e às novas previsões divulgadas pelo Banco de Espanha, somando nestes nove meses um total de 243,5 milhões de euros.

Não obstante, o resultado da atividade bancária recorrente, ou seja, sem ter em consideração as referidas provisões nem as receitas extraordinárias que a entidade registou no ano passado devido à compra do EVO (de 57,3 milhões de euros), seria apenas 7,6% inferior ao resultado de setembro de 2019, alcançando 396,8 milhões de euros.

Por seu lado, o resultado antes de impostos da Línea Directa alcançou 132,9 milhões de euros, mais 22,9% do que há um ano.

Assim, o resultado líquido do Grupo Bankinter no final do terceiro trimestre foi de 220,1 milhões de euros, 50,5% inferior ao do mesmo período de 2019.

Relativamente aos principais rácios, destaca-se o reforço da solvência, com o rácio de capital CET1 fully loaded a situar-se em 12%, muito acima do mínimo exigido pelo BCE e inteiramente adequado ao tipo de negócio que a instituição desenvolve e ao seu rácio de morosidade.

Neste último aspeto, cabe assinalar que o Bankinter se encontra numa situação muito melhor do que a dos seus concorrentes, com um rácio de morosidade que, apesar do contexto, melhorou 22 p.b. relativamente há um ano, situando-se em 2,51%. De igual modo, o banco aumentou a cobertura total em quase 11 pontos percentuais, alcançando 61,7%.

No que concerne à rentabilidade, aspeto em que o Bankinter conserva uma posição privilegiada, foi afetada pelo aumento das provisões, situando-se a rentabilidade dos capitais próprios, ROE, em 7,1%. Excluindo o impacto das provisões extraordinárias, o ROE da instituição seria de 10,86% no final do terceiro trimestre, acima dos custos de capital.

Quanto à liquidez, o banco alcança pela primeira vez uma maior proporção de depósitos do que de créditos, com um rácio de 101,3%.

Por sua vez, o Bankinter prevê vencimentos de emissões obrigacionistas de 800 milhões de euros para este ano, 200 milhões de euros para 2021 e 1.000 milhões de euros para 2022, com ativos líquidos de 20.300 milhões de euros e capacidade para emitir obrigações no valor de 2.300 milhões de euros.

Resultados crescem devido a maiores volumes

Todas as rubricas da conta de resultados apresentam crescimentos significativos, o que mostra que a atividade do banco se manteve a bom nível neste período tão complicado.

A margem de juros ascende a 927 milhões de euros no terceiro trimestre, mais 8% do que na mesma data de 2019, maioritariamente devido aos maiores volumes de crédito.

A margem bruta alcança 1.296,3 milhões de euros, mais 4,6% do que há um ano. Destas receitas, 71% provêm da margem de juros e 28% provêm de comissões, 359 milhões de euros, quase um terço dos quais são originados pelo negócio de gestão de ativos, sendo também importante o protagonismo que o negócio de transação de valores está a adquirir e do qual derivam comissões no montante de 69 milhões de euros, 26% superiores às do mesmo período de 2019.

A margem de exploração antes de provisões termina o terceiro trimestre do ano em 694,6 milhões de euros, mais 6,8% do que há um ano, sendo que os custos operacionais neste trimestre são significativamente inferiores, em 3%, aos do terceiro trimestre de 2019. Quanto ao rácio de eficiência da atividade bancária com amortizações, melhora 100 pontos base face ao de há um ano, atingindo 48,1%.

Dados do Balanço

Quanto ao balanço do Bankinter, os ativos totais do Grupo ascendem a 96.845 milhões de euros a 30 de setembro, mais 15% do que no mesmo período de 2019.

O total de crédito a clientes ascende a 63.344,3 milhões de euros, mais 6,7%. Considerando a atividade em Espanha, e excluindo o EVO Banco, o crescimento do crédito a clientes foi de 6,2%, o que compara com a média do setor de 2,2%, de acordo com os dados de agosto do Banco de Espanha.

Por seu lado, os recursos de clientes de retalho totalizam 62.638,7 milhões de euros, mais 9,6%. Sem o EVO, o crescimento destes recursos em Espanha foi de quase 11%, o que compara com a média do sector de 8,7%, de acordo com dados de agosto.

Intensa atividade de gestão e comercialização

A atividade de negócio do banco manteve uma solidez particularmente assinalável neste período, com o Bankinter a apresentar novas propostas de valor para os seus clientes, continuando a aplicar medidas para mitigar o impacto da crise e desenvolvendo uma intensa atividade de gestão, atendimento e aconselhamento aos seus clientes.

No negócio de Empresas, primordial para a estratégia do banco, a carteira de crédito atingiu os 27.900 milhões de euros, mais 12% do que há um ano. Desta carteira de crédito, 38% corresponde a grandes empresas com uma faturação superior a 50 milhões de euros, 24,4% corresponde a médias empresas que faturam entre 5 e 50 milhões de euros, 18,3% corresponde a pequenas empresas com faturação abaixo dos 5 milhões de euros, e o resto a outro tipo de entidades ou atividades. Em todos estes segmentos o Bankinter mantém uma morosidade controlada, pese embora as dificuldades geradas pela crise: um valor de 7,1% nas PME mais pequenas e de 3,8% nas médias.

Considerando apenas o negócio em Espanha, a carteira de crédito a empresas cresceu 14,5%, face aos 7,6% do setor de acordo com dados de agosto do Banco de Espanha. Neste crescimento, foi determinante a intensa atividade de financiamento com empréstimos garantidos pelo Instituto de Crédito Oficial (ICO), com 7.200 milhões de euros formalizados até final de setembro, dos quais 5.000 milhões foram já disponibilizados.

Quanto ao negócio de Banca Comercial, ou de particulares, o património sob gestão de clientes da Banca Privada e da Banca Personal mantém um ligeiro crescimento, apesar da má evolução dos mercados no período em análise, o que teve o seu impacto negativo na carteira. No primeiro segmento, os ativos sob gestão alcançam 39.300 milhões de euros, mais 1%, com o património líquido novo captado a totalizar 1.500 milhões de euros. Na Banca Personal, o volume gerido ascende a 24.000 milhões de euros, mais 4%, com 1.300 milhões de euros de património líquido novo.

A intensa atividade comercial do banco teve como consequência o bom desempenho de dois dos seus produtos estrela, como é o caso das contas ordenado nas suas diferentes modalidades, onde o crescimento é de 23%, com a carteira a alcançar 11.800 milhões de euros. A carteira hipotecária, sem levar em conta o EVO, totaliza no final do terceiro trimestre 27.200 milhões de euros, o que compara com os 26.700 milhões de euros de há um ano.

A nova produção hipotecária realizada nestes três trimestres atinge o valor de 1.938 milhões de euros (sem ter em conta o EVO), o que representa uma diminuição de apenas 7% face ao mesmo período do ano passado apesar do ambiente de paralisação económica, sendo inclusivamente superior ao valor de 2018. Das novas hipotecas, 60% são já com taxa fixa e com um loan to value de 61%.

No que diz respeito ao Bankinter Portugal, o negócio recorrente manteve-se a bom ritmo, resultando num crescimento em todas as rubricas da conta de resultados: mais 10% na margem de juros, mais 11% na margem bruta e uma margem antes de provisões que cresce 60%, suportada também na contenção de custos, que diminuem 8%. Não obstante, no período em análise, o Bankinter Portugal realizou provisões no valor de 8 milhões de euros de forma a prevenir o impacto da deterioração macroeconómica o que, juntamente com o facto de a instituição ter deixado de libertar provisões, como ocorria em exercícios anteriores, se traduz num resultado antes de impostos que diminui 36%, alcançando os 33 milhões de euros.

Por seu turno, o negócio do Bankinter Consumer Finance, que opera em Espanha, Portugal e Irlanda, vê-se afetado por uma redução generalizada do consumo das famílias, consequência dos meses de confinamento e pela desconfiança face à conjuntura económica, o que levou a uma redução de 21% na nova produção de crédito em comparação com o mesmo período de 2019. Ainda assim, a carteira de crédito cresce 4% face ao período homólogo, alcançando 2.900 milhões de euros, com um rácio de morosidade de 8,2%. De referir o bom desempenho da Avantcard na Irlanda, que neste trimestre alargou a sua atividade ao negócio de hipotecas sob a marca Avant Money.

Relativamente ao EVO Banco, importa referir o forte dinamismo do seu negócio hipotecário, com uma carteira que já ultrapassa os 1.000 milhões de euros, mais 28% do que em setembro de 2019 e um crescimento no total de clientes de 30%. Os clientes valorizam o caráter inovador de uma instituição que durante o terceiro trimestre lançou soluções de referência, como são os casos da hipoteca 100% digital, da integração de inteligência artificial por voz no atendimento ao cliente ou do sistema de proteção do cliente por meio biometria de voz.

A Línea Directa Aseguradora, que este ano apresenta os seus resultados de forma desagregada da atividade bancária, atinge um resultado líquido de 100 milhões de euros, mais 22% do que no período homólogo de 2019, com um ROE de 35% e um rácio combinado de 83,3%. O rácio de solvabilidade II é de 264%.

O número de riscos seguros pela Companhia chega a 3,19 milhões, mais 1,4% do que há um ano. O volume de prémios emitidos mantém-se nos 675,1 milhões, 0,6% superior ao ano passado.