Jaime Botín-Sanz de Sautuola García de los Ríos, histórico Presidente, fundador e impulsionador do Bankinter, faleceu esta quinta-feira, 15 de agosto, em Santander aos 88 anos, rodeado pela sua família.

Nascido em Santander em abril de 1936 e membro de uma longa e prestigiada linhagem de banqueiros, os seus primeiros passos no setor financeiro remontam a 1957, quando ingressou no Banco de Santander, cujo Presidente era o seu pai, Emilio Botín Sanz de Sautuola. O agora falecido desempenhou um papel crucial na expansão e modernização do banco cântabro durante as décadas de 1970 e 1980, tendo ocupado o cargo de Vice-Presidente entre 1999 e julho de 2004.

No entanto, o nome de Jaime Botín esteve especificamente ligado, desde a sua fundação, à marca Bankinter, entidade constituída em junho de 1965 como um banco industrial, detido em partes iguais pelo Banco de Santander e pelo Bank of America. Em 1972, a entidade foi cotada na Bolsa de Madrid, transformando-se num banco comercial totalmente independente dos seus fundadores.

Jaime Botín foi o principal artífice do caráter inovador e independente do Bankinter, impulsionador da evolução que levou o banco a tornar-se uma das principais instituições de Espanha e criador de uma personalidade diferencial que definiu o banco ao longo da sua história. Foi Conselheiro Diretor-Geral do Bankinter desde 1965, Conselheiro Delegado entre 1977 e 1986, Presidente da entidade entre 1986 e março de 2002 e, até hoje, o maior acionista da companhia através da sociedade patrimonial familiar Cartival, detentora atualmente de 23,19% do capital social do banco.

Foi também o criador e impulsionador da Línea Directa, uma empresa que revolucionou o setor segurador espanhol e que nasceu em 1995 como uma joint-venture entre o Bankinter e o Royal Bank of Scotland. Uma empresa de base tecnológica, totalmente disruptiva no modelo de negócio e que, até à sua entrada na Bolsa, em abril de 2021, fez parte do Grupo Bankinter.

Uma visão estratégica e de futuro

Livre-pensador, amante da filosofia e da literatura, possuidor de uma vasta cultura clássica, Jaime Botín possuía, dessa forma, uma capacidade de liderança natural e uma visão estratégica a longo prazo. Sob a sua liderança, o Bankinter transformou-se numa das instituições financeiras mais inovadoras de Espanha, adotando as mais recentes tecnologias na sua aplicação ao negócio bancário e nos seus modelos de distribuição e de relacionamento com os clientes, sempre com o foco na criação de emprego e no valor para os acionistas.

A entidade foi pioneira em Espanha na comercialização de produtos como as contas remuneradas ou os fundos de investimento, e no lançamento, nos anos 90, da Banca Telefónica e da Banca Digital.

A sua visão clarividente e visionária do futuro das finanças levou-o a apostar em estratégias que, posteriormente, se tornaram cruciais para o desenvolvimento do setor financeiro, como o rigor na gestão de riscos ou a aposta na tecnologia e no uso de canais à distância, em detrimento das extensas redes de agências.

No seu discurso na Assembleia Geral de Acionistas do banco em 1995, Jaime Botín expressou-se nos seguintes termos, ainda hoje tão atuais, mas com 30 anos de antecipação: “O Bankinter desenvolveu tecnologias de gestão integrada que nos deverão permitir aproveitar, com vantagem sobre os nossos concorrentes, o novo ambiente de comunicações e informação, de modo a que, nos próximos tempos, nos tornemos o verdadeiro banco do século XXI que muitos, suponho, desejarão ser, mas que muito poucos poderão, realisticamente, almejar ser. E aqui devo dizer que aquele que conseguir, rompendo com os moldes tradicionais e consolidando uma nova e mais eficiente maneira de fazer banca, deixará rapidamente os outros para trás.”

Quase 60 anos após a sua fundação, o Bankinter continua a ser a única entidade independente, fiel e original à sua marca e aos seus princípios. A única entidade que continuou a crescer organicamente e a gerar valor para os seus acionistas, graças a uma procura constante pela excelência, pelo espírito inovador e pela capacidade de antecipação das necessidades dos clientes, questões que, seis décadas depois, continuam a caracterizar o banco.

O corpo de Jaime Botín será transportado na sexta-feira, 16 de agosto, às 10:00h, para a casa familiar de El Promontorio, na Avenida Pérez Galdós nº 32, em Santander, na plena baía da sua cidade natal e sede atualmente da Fundação Botín, onde será velado. O funeral será realizado no dia seguinte, na mais estrita privacidade.

Descanse em paz.